quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

ônibus

Sempre que viajo observo bem os rostos que passeiam no ônibus. Tenho raiva de alguns, medo de outros, vontade de conversar até. Não sei bem o pq disso, mas é sempre uma experiência diferente embarcar no mesmo princesa dos campos. Parar no Três Pinheiros, descer, usar o banheiro, - sempre limpo, nunca cheiroso -, quem sabe comer um pão de batata, quase nunca, meus enjôos são mais fortes que a vontade daquele delicioso catupiry. é tudo muito igual, mas ao mesmo tempo, naquela aula de história dos tempos de esfa inclusive a gente aprende o porque. Não bem o pq, mas uma breve explicação. O tempo é relativo. O que isso significa numa viagem? Significa se você tem sono ou não. Lógicamente, quem dorme, não sente o tempo desgastante da viagem passar. Quem não dorme fica ali, contando as árvores, listras, placas e tudo mais (essa parte não sei bem pq de insônia não sofro muito).
Hoje, no ônibus tinham as mais diferentes pessoas, acho que parece uma muvuca, completa, uma torre de babel quem sabe. Todos falam a mesma língua, mas ninguém ali é muito afim de papo. O casal de namorados no primeiro banco são um só no meio das cobertas e travesseiros. É perna pra um lado, braço pra outro, uma confusão. Do lado, na poltrona 3 e 4, os lugares reservados para os aposentados sempre tem cheiro de biscoitos e sorrisos de geléia. Uma diversão sentar por ali. Já mais no fundo, homens de boné escuro e camisetas de botão. Um perfume que não gosto nem de lembrar, já lembrando que significam ônibus. Tem também as garotas que não param de falar.Unha feita, cabelo bem escovado. Parece até que vão para uma festa, mas não, elas vão para casa.
E as crianças. Fofas. ! Fofas? Até ela puxar seu cabelo, jogar um tatu na sua roupa, passar a mão cheia de salgadinho no seu rosto e dizer: Tia, posso sentar no seu colo?
Devo ter mel, gordinhos também insistem em ocupar minhas poltronas por inteiro. Não que eu tenha nada contra, não é isso, mas perseguição é demais né? Mas tudo bem, eu vou sorrindo de lá até o destino, é sempre assim.
Acho que o ônibus é um encontro de saudades mais apaixonantes que existem. Tem as do namorado, da mãe, pai, irmão, avós, familia, amigos, trabalho, casa, filhos, cachorro, gato....
Desde meus 4 anos de idade pego ônibus, vou e volto pra tudo que é canto. Já fui longe e já fui muito perto. O que mais me encanta na verdade não são os cheiros (na maioria ruins), mas a angustia de 90% que entra neles. Todos apressados, olhando impacientes no relógio... e o celular, uma cidade antes do destino só se ouvem as chamadas a cobrar e os toques incontroláveis.
Ah, como a saudade move o mundo, e justo ela, a palavra que só existe por aqui.
E como ela move o mundo, naada melhor que juntar o mundo todo dentro de um lugar só. O ônibus. O pobre e velho, rico e limpo, fedido e fedido. Mas como é bom chegar depois dele, e agradecer, agradecer do fundo do coração por mais uma tarde vagando por ai!
Agora de férias!

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