quarta-feira, 17 de março de 2010

Até o correio...

Acho q já faz um mês que ando pela cidadezinha onde cresci, onde passei os dias mais felizes da infância, e onde possivelmente quero passar os invernos da velhice... Mas foi em uma ida ao correio q de ca até lá, e de lá até cá parei pra pensar em como tudo acontece por aqui... e como acontece!

Sai perto das 10 da velha farmácia, e já na porta começou o festival de 'olás'. Bom dia dona Cere, e a neta? Oi seu pedrão, mais uma abóbora? desse jeito vou parar onde?... e não parou na porta, fui nos bons dias, olás, como vai até chegar na escola em que estudei, e ali olhei para dentro, cheio de 'pirralhos' se esbofetando e lembrei de como dei trabalho para as 'tias' da esfa... Ainda de alguns aniversários na cantina, q ficava em baixo da escada, parecida com um porão, que dava para um campo verde (q na epoca eu pensava ser gigantesco, quase sem fim) onde brincavamos de pega pega e futebol. Atravessei a rua e passei pela igreja sempre imponente, que marcava ainda o horário certinho, e era apenas dez e uns quebradinhos... Andei um pouco mais e logo o correio me aguardava. Comecei a pensar que há uns 7 anos eu achava a distancia do correio até a minha casa uma eternidade, era sim um dos lugares mais longes q eu podia (e nunca queria) ir...

A volta mudei o trajeto a fim de lembrar um pouco mais... Passei pelo outro antigo colégio, que agora é um restaurante, e deste lembrei da velha lareira que aquecia o Jardim I e jardim II nas tardes mais frias... Ainda ri ao reviver o último dia ali, onde a gangorra do colégio eu quebrara sem querer. Ao mesmo tempo entristeci, porque foi ali q perdi a primeira grande amiga. "Ela foi fazer companhia pra mamãe dela la no céu", acho q a tia Ju que me contava quando perguntavamos porque ela não tinha ido a escola.. e de lá saimos junto até a Igreja, ainda sem entender que o céu era um nunca mais eterno. Andei mais um pouco, vi mais vários rostos conhecidos e comecei então a desejar que no futuro eu pudesse voltar, criar meus filhos na pacata cidadezim que me criou. Desejei intensamente que eles vivessem daquele universo que eu cresci, das aulas na velha esfa, da imensidão de amigos divertidos que encontram-se sabados a tarde para relembrar o passado, do céu que aqui parece ser mais azul que em qualquer outro lugar, e da velha calmaria que é o nascer e pôr do dia.

O ventinho que bate no rosto, que traz o teclado em baixo da janela, e os sonhos todos transbordando por esse velho novo quarto, e ao fechar os olhos, sonhar que aqui vai permanecer pra sempre igual, até o dia de voltar, até o dia de chegar de braços abertos e com a saudade mais deliciosa de sentir. É mais um até logo ao mundo que eu sonhei no papel antes de nascer, e que aqui fiz a tinta virar cor, pintada com lágrimas e sorrisos, hoje muito mais sinceros que nunca antes. A partida nem sempre é um adeus, pode ser apenas mais um até logo.. e que assim seja! Vida real, aqui vamos nós!