domingo, 25 de julho de 2010

Desentoando

Cadê o brilho no seu olhar.
Eu vi ontem cedo.

Era ainda tarde quando tocou outra vez.
Foi longe demais aquele beijo.

Deu uma trégua pra saudade.
Conturbações fazem mal ao pensamento.

Tirou o que restava.
Caiu aos prantos.

Tive a impressão de estar certo.
Conteve seu sorriso mais perverso.

Lamentou a saudade.
Viu a sobra do que não tinha partir antes mesmo da chegada.

Conteve seu olhar.
Acho que vi seu desespero.

Permita-me entrar na conversa.
Saiu sem dizer meu adeus.

Permita-me sair da conversa.
Entrou sem pedir por favor.


Foram algumas noites mal dormidas... Foi o dia da saudade que me trouxe até aqui... Foi quando cansei disso tudo, trouxe de volta e insisto em coibir a verdade. É fato, estou ficando maluca, sem jeito e com o coração duro. É fato, e se é fato não se discute. Se não se discute, boa sorte pro destino, que ele passe bem longe da pacata vidinha que levo no paraíso escondido perto do mar, longe do peito, amarrado à razão. Sorte do acaso, que sobrou pra ele toda responsabilidade dos meus atos. É fato, e se é fato não se discute...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Um dia em alemão

E lá fui eu para a minha primeira matéria tipicamente jornalística de interior. O aniversário de 90 anos de uma velhinha de sorriso simpático, mas que nem no nome facilitou minha vida. “Schwester Anita” como é conhecida, há 90 anos faz parte da história do hospital de Pomerode. Já tinham me contado dela, e a breve apresentação nem chegou perto da homenagem que ela recebeu. Mais de 100 pessoas a parabenizaram em uma ‘simples’ festinha, só para os mais íntimos, nas dependências do hospital, onde a schwester mora até hoje. Estava tudo normal, até o pastor começar a conversar – em alemão – com os presentes. A preparação da surpresa, confesso, não entendi bulhufas. Mas segui em direção a sala onde a aniversariante nem imaginava o que a esperava. No caminho, sem entender nada ainda, ouvi algumas conversas e minha cara devia parecer com algo do estilo: ÃN? Os parabéns foram em alemão. As conversas em alemão. As respostas em alemão. E na hora da entrevista, la vai a menos alemã da cidade mais alemã do país. Entre palavras que me soavam totalmente estranho, entendi algumas linhas da senhora que já mistura os dois idiomas, porque aqui, aqui pode. A matéria no fim deu certo, a lição, diga sempre algo como IÁ ao fim da conversa ou da ligação. Se quiser ser entendida, já chegue ao local falando: eu não falo alemão. Eu pareço um estrangeiro dentro do país, mas isso me agrada, é divertido aprender, é engraçado não entender. Indo para casa, um frentista mencionou algo em alemão. Ainda estou na dúvida se foi uma cantada ou uma birra comigo, mas um dia eu aprendo... e um dia eu me desapaixono por esse lugar, que tem cara de casa de boneca, cheiro de liberdade e um gostinho de ‘quero ainda mais’

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