quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Em busca da felicidade.

O quanto vale a busca para ser feliz? E o mais fundo que isso, o que é, realmente, ser feliz.
Acabo de ouvir uma história com uma lágrima de canto de olho. Sentada na rodoviária, ao som de uma novela qualquer e um ar condicionado que me faz ter frio em pleno verão no Vale, voltei a pensar o que me faz estar aqui, ou acolá.
O senhor que vende passagens veio perguntar se eu tinha 22 anos. Quase isso, respondi. Ele falou que era a mesma idade de sua filha. A conversa já começou assim, e seguiu com a história dela, que nem sequer sei o nome, mas já deu vontade de saber.
Aos 21, trabalhando na Fundação Getúlio Vargas, parecia que o sonho estava se realizando. Casada há 08 meses, no dia 28 de dezembro foi finalmente efetivada. A jovem era recém-formada em publicidade e propaganda e, convenhamos, trabalhava em um dos empregos dos sonhos de qualquer um.
O sonho acabou 5 dias depois da efetivação, quando o primeiro derrame afetou seu cerebro e a impediu de continuar suas funções. Seis anos já passaram e só agora ela recomeça a sonhar. Poucos movimentos ainda a impedem de trabalhar outra vez. Dependente dos pais, não tem como sair da cidade para assumir outros empregos que já lhe ofereceram.
O pai, dedicado e atencioso, ainda sofre com a mulher com um tumor, que enfrenta há 09 anos. O homem da casa faz bolsas de crochê e dá os botões para a filha costurar. Os botões são a única coisa que ela faz, mas significam tanto para os dois que todo o dinheiro ganho com o artesanato vai para a filha.
“Já construi uma casinha para ela, atrás da minha. Assim ela tem o canto dela e eu estou sempre por perto para ajudar”.
O marido dela abandonou a jovem assim que ela sofreu o derrame. Os amigos voltam a aparecer agora, quando ela já começa a recuperação, trabalho que ele agradece a um patobranquense psiquiatra, e por isso todo o começo de conversa.
“Sai desse computador menina. Chega de trabalhar. É hora de descansar!”, disse ele quando me viu ligando o computador no meio da rodoviária. Expliquei que estava terminando um trabalho que não podia deixar para amanhã, e ele, com lágrimas nos olhos me contou a triste história. Disse que a filha era como eu, que na busca de ser feliz no emprego, era vidrada no que fazia, e acabava deixando a vida pessoal para viver pelo trabalho. “Acho que o trabalho ajudou ela a ficar doente. Ah se eu voltasse no tempo, teria pedido mais para ela relaxar”.
Em busca pela felicidade tento encontrar meu caminho. Confesso que ainda não achei, que ainda procuro e continuo até chegar ao ponto final, mas essa conversa, em rodoviária diante de um dia que até então estava cheio e bagunçado me fez parar. Parar para fazer o que me faz feliz, que é desabafar em uma folha em branca de papel, que é rir com algumas lembranças e o principal, em sonhar em como ainda posso ser feliz.
Esqueci o trabalho e as preocupações por 10 minutos, e confesso outra vez, que feliz que fiquei. Deixa o mundo agir como tem que ser, que um dia ele se ajeita para mim e me traz de volta o paraíso que sempre sonhei. Enquanto isso não chega, vem sorriso, vem pra perto de mim que eu preciso de você para ser feliz!