sábado, 26 de fevereiro de 2011

saudade de lá


Tenho saudade de acordar todos os dias em horários diferentes, conforme a aula mandasse. De olhar para fora, tomar meu nescau e colocar o caderno na boolsa. Conversar todo o trajeto que variou sempre entre duas e três quadras até o prédio cinza, que no finzinho se tornou amarelo. Tenho saudade de olhar as pessoas chegarem atrasadas, com rosto de sono, ressaca e mau-humor. Saudade de dizer vários ois pelo caminho, entre bom dia à professores, até os papos furados com os funcionários. Ah, e os intervalos sentada nos bancos duros e desconfortáveis..Muitas vezes nas escadas ao lado do quiosque, outras, em pé, esperando qualquer um pra agarrar o pescoço e pedir um abraço a um dos muitos amigos que apesar de não serem da vida inteira, queria levar comigo para sempre. E ainda berrar na sala de aula até o professor me dar razão, ou parar de discutir com a teimosia que me governa. Ouvir reclamações, risaadas, travessuras, malandragens. Ver aqueles sorrisos que eu nunca quis que fossem embora. Sentar nas carteiras acumuladas para uma turma tão pequena e rir, rir de tudo que acontecia naqueles quatro cantos. Ir pra casa, fazer o almoço rápido, tirar um cochilo de cinco minutos, e ir trabalhar, com cheiro de feijão recém-feito, bife frito e suco de pacotinho. Queria chegar no estágio, sentar na escada, rir besteirolas, correr atrás de qualquer coisa, estudar, escrever, gravar, editar, conversar. Queria que fosse quarta-feira, e fosse dia do cento do salgado, pra ficar das cinco até umas sete comendo sem parar, até o último salgadinho sumir do pote. Ir pra casa, deitar no sofá branco, assistir a qualquer programa, tomar um nescau. Ver que já é tarde, deitar na cama que fica dentro do quarto onde tudo é uma bagunça, inclusive minha cabeça, chamar a companheira pra ir lá, ouvir música, fofocar sobre o dia, contar medos, angústias, ligar para as amigas, formar uma trupe, resolver que toda quinta é dia de meninas, tomar cerveja, confessar malandragens, fofocar. Queria esprar o sábado e o domingo chegarem, pra reunir todo mundo e fazer aqueles almoços que só tinhamos em casa, na verdadeira casa, não nesse paraíso. Saudade dos sábados a tarde, onde pipoca e brigadeiro, ou, pao de queijo e chocolate invadiam a casa, transformavam o buraco no lugar mais aconchegante de todos. Queria o domingo e o dia de dormir, com visitas especiais, ou com saudades de fazer chorar. Lembrei de quando tranquei, pela última vez o apartamento quatro, do bloco 01, do condominio Ouro Branco. Lembrei do apartamento 301, do edificio Mônaco. Lembrei do Pensionato Universitário Feminino, e dentro de cada um, minhas histórias e lembranças. Há um ano, mais ou menos isso, eu fechava pela última vez minha casa guarapuavana, e hoje, queria que toda aquela história voltasse, talvez por lá, e por estar com tais pessoas, minha vida tivesse outro sentido, e que era tão bom, que ah, nunca queria ter fechado.

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