quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Um conto pro coração guardar.

É fato que desde o dia em que escolhemos o tema eu sabia que ia ser difícil escutar o que viria pela frente. É fato também que desde o primeiro dia de filmagens o coração aperta o dia todo, e mais uma história pro coração ficar apertado e com vontade de gritar ao mundo "EIII, AQUI! TEM ALGUÉM PRECISANDO DE AJUDA!".


- Oi, Eva?
- Oi!
- Lembra da gente? Nos conhecemos la na ACOPECC...
- Sim.. Lembro..
- A gente pode filmar amanhã?
- Sim, venham depois das nove e meia que eu não acordo cedo!


Admito que achei que a entrevista não ia render... que apesar da história ser uma lição de vida, ia ser difícil arrancar alguma coisa dali.
Pois acordei cedo, pegamos as câmeras e bora gravar...
Dona Eva, seus 30 e poucos anos, 4 filhos - sendo um deles portador de necessidades especiais - viúva, sem mãe, família toda morando em Cantagalo. Sozinha em Guarapuava, desempregada até melhorar da doença, filhos com idade escolar entre os 15 e os 9 anos, ela, há dois anos e meio descobriu um câncer no útero e desde então luta contra ele. Já perdeu o cabelo, já perdeu casa, comida, roupa e emprego, mas nunca, em nenhum momento a esperança. Dona Eva, por incrível que pareça, se mostrou de um coração maior que do mundo... Depois ainda da descoberta do cancer, em uma das viagens à Cascavel para fazer tratamento, ladrões invadiram sua casa e levaram tudo, exatamente tudo, incluindo roupas, móveis etc. Sem absolutamente nada, fora a roupa do corpo, ela conseguiu ajuda e hoje mora em uma casa de 3 ambientes sem divisórias: Um quarto, uma cozinha com cama e uma sala com 2 sofás. Duas camas, uma de casal e uma de solteiro para cinco pessoas dormirem chegaram de doações, o resto da casa também chegou assim, e a única fonte de renda da família, que tenta o bolsa família há 8 anos é a doença do pequeno Luan - aproximadamente 460 reais gastos em comida, remédios, luz e água. Ele não tem vaga na APAE, a mais velha, Sandra, se vira como pode e aos 15 anos faz unhas da vizinhança para tirar uma renda extra. Eva, com fortes dores na barriga - ganhadas do câncer e depois da hidronefrose no rim - não pode trabalhar, tenta a todo custo não tirar do dinheiro de Luan a renda da família. Em sua única lágrima derramada, depois de 30 minutos de filmagens, ela falou a frase que Sandra exclamou em uma saída de ambulância : "Com o Luan no colo, ela exclamou: Vai mãe, e não se preocupe que tem quatro pessoas que te amam que ficam por aqui. Isso me deu forças pra lutar". No abraço da despedida quis sussurrar no ouvido dela que quando ela precisasse era pra falar, mas a voz não saiu. Quis então falar que ia ficar tudo bem, e isso deu certo, ela sorriu calmo e eu acredito agora que tudo vai ficar bem!
Sorte aos que ficam por lá, e ainda volto pra ver se tudo ficou como devería ficar!
E agora é só ela quem eu quero que fique bem... Boa Sorte a distância mais uma vez!

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