quarta-feira, 25 de março de 2009

Futebol

Quando eu era criança, minha paixão, além das corridas de fórmula 1, dos programas às 6 da manhã rurais e da velha cidade pacata ao lado da minha, que era um pouco menos pacata, era aquele sonho de todos os meninos deste velho país, o Futebol. Eu jogava segunda, quarta, sexta, sábado e domingo, e isso me fazia muito feliz.Além ainda de jogar, acompanhava desesperadamente campeonatos regionais, estaduais e brasileiros, e se o Santos não ganhasse, como era de costume, meu mundo caia.
Fui abandonando as velhas paixões com o tempo, a primeira foi os programas rurais, não conseguia manter o pique no domingo acordando tão cedo. Parei então as corridas de fórmula 1 porque o Rubinho não me dava as mesmas alegrias do Senna, e depois da morte dele, acho que desisti também de pilotar um daqueles voadores. Junto com as idas pra velha cidade pacata,parei o futebol. Com dores no joelho e uma forte pressão da família, que no fundo eu sei que acreditava que eu nunca viraria uma 'mulher'. Aquele estilo despojado, com as calças sempre rasgadas e dedos, punhos, obros, tornozelos e joelhos sempre em pedaços não agradava nem meu pai, muito menos minha mãe, mas quem realmente reclamava era o restante da família, que sentia um certo receio sobre o que seria de mim, eu ainda acredito que eles esperavam o lesbianismo. Depois do joelho contundido, das provas de vestibular e do namorado insistirem na minha mudança, portanto, mudei. Comecei a tal faculdade com a intensão ainda de ser uma excelente jornalista esportiva, e embora isso fosse desejo, esqueci porque na sala já tinha alguém que se dedicava a isso, e a concorrência naquele momento não me atraiu nem um pouco. Passados três anos então, eis que me surge uma novidade, passo então, a partir deste novo ano a cobrir todos os jogos de futsal do time da cidade. NO começo tive receio, não sabia mais direito as regras, mas ali, quando entrei em campo minhas pernas voltaraam a tremer como tremiam nos primeiros campeonatos que joguei. Insisti em ter essa pauta sempre na exclusividade, gosto de 'brincar' com a linguagem 'despojada' dos jogadores, e por mais que eles sempre deem a mesma resposta, ainda prefiro conviver com eles do que com velhos intelectuais.
Numa quadra, além de mim, mais duas repórteres do sexo feminino estavam ali..muito menos do que os vários homens ali presentes, mas convenhamos, uma grande mudança. Antigamente, e disso eu lembro bem, pensavam que mulheres no esporte eram como 'bobagem e burrice', acredito que as coisas estejam mudando... Acho inclusive, que na hhora do lateral, quando literalmente a bunda do jogador se virou para mim, o locutor que estava ao meu lado deve ter pensado que eu olhava a bunda, ele estava enganado, porque diferente de homens, bundas não me atraem, naquele momento pensava eu em o porque do nome do patrocinador estar na bunda? Isso não é estranho afinal?
Não sei bem se o meu futuro é base do meu passado e se o velho futebol vai voltar a ser minha mais grande paixão, sei, hoje em dia, que o que eu tenho aprendido a gostar em televisão é isso: uma partida de futsal, bem jogada, bem disputada e cheia de gritos de torcida e algumas interrupções para tentar entender o passado, presente e futuro.

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